Começa hoje, com o Tondela-Sporting às 20:30 horas de Portugal, o
campeonato português de 2015/2016. Só em Maio do próximo ano é que poderemos
descascar o percurso das equipas e os resultados que alcançarem. É, no entanto,
um torneio que levanta, logo à partida, inúmeras expectativas, principalmente
para os chamados “três grandes”.
Se a conversa da saída de Jorge Jesus do Benfica para o
Sporting ainda vai durar algum tempo – principalmente porque o novo treinador
dos leões passa mais tempo a falar do antigo clube que do novo -, é no futebol
e do que poderemos esperar ao longo dos próximos 10 meses que nos devemos
concentrar.
O campeonato de 2015/2016 parece ser o mais angustiante dos
últimos tempos quer para o Benfica, quer para o Porto, quer para o Sporting.
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Rui Vitória |
Para o Benfica porque, depois de ser bicampeão, perdeu o que
a generalidade das pessoas considera o principal obreiro das vitoriazinhas
caseiras das águias – já que a nível Europeu os encarnados foram piores que
medíocres, com exceção duma final perdida na Liga Europa. A saída do treinador (não
só pela forma como ocorreu) abanou as emoções dos homens da Luz e este
campeonato que agora começa, significa muito mais que um troféu. Significa
mostrar a todos que a estrutura do clube
se mantém intacta e que o todo é maior que as partes, mesmo todas somadas.
O Benfica quer desesperadamente ganhar o campeonato de
2015/2016, como uma espécie de “chapada de luva branca” a Jorge Jesus em
particular e ao Sporting em geral. Resta saber se o treinador Rui Vitória tem
estofo de campeão e experiência para treinar um clube do topo da tabela em
Portugal.
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Final da Supertaça/2015: Jorge Jesus e os jogadores do Sporting |
Para o Sporting, este campeonato é tão importante como o é
para o seu treinador. Depois de, quanto?... 17 anos? A ganhar pouco o nada a
nível de futebol – não esquecer que o Sporting é, provavelmente, um dos maiores
clubes do mundo quando se fala de modalidades (chamadas) amadoras, argumento
muito usado pelos próprios para lavar as lágrimas dos desaires futebolísticos
-, a nível do futebol, dizia eu, os leões teem andado pelas ruas da amargura. O
investimento, financeiro e emocional, feito em Jorge Jesus, gera expectativas
altas em Alvalade. Um desastre no campeonato é muito mais que uma derrota, é o
desmoronar dum projecto assente num homem. O perigo desses projectos é que esse
homem acaba por ter pouco apoio lateral e o desmoronamento é mais fácil.
Veja-se o caso do Porto em 2014/2015.
O Sporting tem te provar, a si mesmo e aos outros, que a
decisão de entregar sem reservas o projeto futebolístico a Jorge Jesus, não foi
um erro.
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Julan Lopetegui |
Quanto ao Porto, que passou o 2014/2015 sem ganhar nada,
apesar de se poder vangloriar de ser a equipa nacional que mais longe chegou na
Liga dos Campeões, onde apenas foi derrotado pelo Bayern de Munique – e, mesmo
assim, depois de infligir aos alemães uma derrota de 3-1 no Dragão -, a verdade é que a nível interno os homens do
Porto fizeram uma travessia do deserto à qual não estão nada habituados à mais
de 20 ou 30 anos.
Julan Lopetegui pode-se desculpar com o desconhecimento do
futebol português, mas o que vimos do Porto na época passada foi muito mais que
fragilidades técnicas. O Porto era uma equipa desinteressante, sem alma, como
se costuma dizer, coisa a que os homens do norte não estão habituados.
Este campeonato de 2015/2016, para o Porto, é um murro na
mesa, um grito de revolta contra a inoperância demonstrada na época passada. Os
Dragões precisam de ganhar este troféu, para provar a si próprios e aos outros,
que 2014/2015 foi um acidente e que podem esperar a equipa de regresso.
Este campeonato de 2015/2016, que hoje começa, tem, pela
primeira vez desde há muito tempo, os chamados “três grandes” em profundo
desespero pela vitória. Só um vai poder festejar, veremos quem será. Por
“profundo desespero” entendo o facto de os três terem muito a demonstrar, pouco
a ganhar e muito a perder. No final, a vitória no campeonato será apenas mais
uma vitória, mas a derrota – mesmo o 2º lugar – será muito mais que uma
derrota.
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Nikê: a deusa grega da vitória |
Parece-me que, entre o Benfica, o Porto e o Sporting, este
campeonato vai ser jogado muito mais fora que dentro dos relvados. O Jorge
Jesus não se cala; o Rui Vitória não fala; e o Julan Lopetegui ainda não disse
nada, mas calculo que esteja em pulgas para se meter na confusão, nem que seja
para dizer que não se mete na confusão!