sexta-feira, 14 de agosto de 2015

MAIS A PERDER QUE A GANHAR


Começa hoje, com o Tondela-Sporting às 20:30 horas de Portugal, o campeonato português de 2015/2016. Só em Maio do próximo ano é que poderemos descascar o percurso das equipas e os resultados que alcançarem. É, no entanto, um torneio que levanta, logo à partida, inúmeras expectativas, principalmente para os chamados “três grandes”.
Se a conversa da saída de Jorge Jesus do Benfica para o Sporting ainda vai durar algum tempo – principalmente porque o novo treinador dos leões passa mais tempo a falar do antigo clube que do novo -, é no futebol e do que poderemos esperar ao longo dos próximos 10 meses que nos devemos concentrar.
O campeonato de 2015/2016 parece ser o mais angustiante dos últimos tempos quer para o Benfica, quer para o Porto, quer para o Sporting.

Rui Vitória
Para o Benfica porque, depois de ser bicampeão, perdeu o que a generalidade das pessoas considera o principal obreiro das vitoriazinhas caseiras das águias – já que a nível Europeu os encarnados foram piores que medíocres, com exceção duma final perdida na Liga Europa. A saída do treinador (não só pela forma como ocorreu) abanou as emoções dos homens da Luz e este campeonato que agora começa, significa muito mais que um troféu. Significa mostrar a todos que a  estrutura do clube se mantém intacta e que o todo é maior que as partes, mesmo todas somadas.
O Benfica quer desesperadamente ganhar o campeonato de 2015/2016, como uma espécie de “chapada de luva branca” a Jorge Jesus em particular e ao Sporting em geral. Resta saber se o treinador Rui Vitória tem estofo de campeão e experiência para treinar um clube do topo da tabela em Portugal.

Final da Supertaça/2015: Jorge Jesus e os jogadores do Sporting
Para o Sporting, este campeonato é tão importante como o é para o seu treinador. Depois de, quanto?... 17 anos? A ganhar pouco o nada a nível de futebol – não esquecer que o Sporting é, provavelmente, um dos maiores clubes do mundo quando se fala de modalidades (chamadas) amadoras, argumento muito usado pelos próprios para lavar as lágrimas dos desaires futebolísticos -, a nível do futebol, dizia eu, os leões teem andado pelas ruas da amargura. O investimento, financeiro e emocional, feito em Jorge Jesus, gera expectativas altas em Alvalade. Um desastre no campeonato é muito mais que uma derrota, é o desmoronar dum projecto assente num homem. O perigo desses projectos é que esse homem acaba por ter pouco apoio lateral e o desmoronamento é mais fácil. Veja-se o caso do Porto em 2014/2015.
O Sporting tem te provar, a si mesmo e aos outros, que a decisão de entregar sem reservas o projeto futebolístico a Jorge Jesus, não foi um erro.

Julan Lopetegui
Quanto ao Porto, que passou o 2014/2015 sem ganhar nada, apesar de se poder vangloriar de ser a equipa nacional que mais longe chegou na Liga dos Campeões, onde apenas foi derrotado pelo Bayern de Munique – e, mesmo assim, depois de infligir aos alemães uma derrota de 3-1 no Dragão -,  a verdade é que a nível interno os homens do Porto fizeram uma travessia do deserto à qual não estão nada habituados à mais de 20 ou 30 anos.
Julan Lopetegui pode-se desculpar com o desconhecimento do futebol português, mas o que vimos do Porto na época passada foi muito mais que fragilidades técnicas. O Porto era uma equipa desinteressante, sem alma, como se costuma dizer, coisa a que os homens do norte não estão habituados.
Este campeonato de 2015/2016, para o Porto, é um murro na mesa, um grito de revolta contra a inoperância demonstrada na época passada. Os Dragões precisam de ganhar este troféu, para provar a si próprios e aos outros, que 2014/2015 foi um acidente e que podem esperar a equipa de regresso.
Este campeonato de 2015/2016, que hoje começa, tem, pela primeira vez desde há muito tempo, os chamados “três grandes” em profundo desespero pela vitória. Só um vai poder festejar, veremos quem será. Por “profundo desespero” entendo o facto de os três terem muito a demonstrar, pouco a ganhar e muito a perder. No final, a vitória no campeonato será apenas mais uma vitória, mas a derrota – mesmo o 2º lugar – será muito mais que uma derrota.

Nikê: a deusa grega da vitória
Parece-me que, entre o Benfica, o Porto e o Sporting, este campeonato vai ser jogado muito mais fora que dentro dos relvados. O Jorge Jesus não se cala; o Rui Vitória não fala; e o Julan Lopetegui ainda não disse nada, mas calculo que esteja em pulgas para se meter na confusão, nem que seja para dizer que não se mete na confusão!


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